(2) Direção. O espectador, o participante e o salto mortal. 

Liderança Regenerativa.

Felipe Tavares

Direção 

Existe um padrão: pessoas sentem o chamado para contribuir com um mundo melhor, mas ficam paralisadas pela magnitude da tarefa.

Um dos motivos para isso é a imagem do herói que vai salvar o planeta. Acreditamos que a nossa ação deve ser grandiosa e impactar a vida de milhares de pessoas. Mas logo percebemos que não é bem assim que as coisas funcionam e ficamos paralisados.

O mundo é resultado de uma teia complexa de relacionamentos e não há um único agente capaz de mudá-lo sozinho. Mas uma coisa podemos mudar: a nossa contribuição na teia da vida.

Aprendi que o nosso objetivo não deve ser o de mudar o mundo. Aprendi que devemos buscar contribuir de forma consciente par que o mundo siga na direção da nossa melhor visão.

Em outras palavras, não interessa para onde o mundo esteja caminhando. O que interessa é para qual direção eu estou contribuindo para que ele vá.

O espectador, o participante e o salto mortal

O espectador é aquela pessoa que assiste ao mundo desenrolar na sua frente. Ela sobe no barco, mas nunca assume o leme. Ela está à mercê do sistema. Está à deriva.

Já o participante jamais se deixa levar. Esta pessoa possui uma direção clara e fará os ajustes necessários para seguir no sentido da sua visão. Ela participa ativamente na criação do mundo.

Passar de espectador para participante exige um salto. É como subir no trampolim de dez metros e ficar paraIizado pelo medo – o medo de que algo possa dar errado, o medo de ferir a própria existência.

E então ter a coragem de reconhecer que esse medo não possui lastro e que o perigo é o próprio medo – o medo que bloqueia a ação.

E então o salto. E outro. E outro. Para nos tornarmos participantes precisamos nos acostumar  a  saltar no vazio, encarar o medo e fazer as pazes com a incerteza.

Liderança Regenerativa 

Para alcançarmos um futuro próspero, mais do que fazer as coisas diferente, é necessário redefinir a presença humana na Terra.

A regeneração é uma proposta de harmonização das atividades humanas com a inteligência dos sistemas vivos. Porém, a curva de aprendizagem dessa mudança é longa.

Precisamos de pessoas que nos mostrem caminhos para um futuro viável e que nos ajudem a embarcar em uma jornada de transformação. Precisamos de pessoas que assumam a responsabilidade de liderar a partir de um propósito coletivo e cuja motivação seja sanar as dores de Gaia.

A essas pessoas nós podemos dar o nome de líderes regenerativos.

Uma liderança regenerativa se expressa de diferentes maneiras a depender de seu arquétipo pessoal. Ela pode emergir como a guerreira comprometida em conter a destruição ecossocial, a curadora sensível capaz de curar as dores da Terra ou a professora motivada em transformar a percepção da realidade. Todas, no entanto, possuem uma orientação comum: reparar os danos causados pela atividade humana e devolver uma visão de futuro próspero à humanidade.

A jornada da liderança regenerativa começa nas profundezas do lugar mais temeroso que podemos acessar. Ela começa dentro de nós mesmos. Guiados pela premissa de que não é possível realizar a transformação que queremos para o mundo sem antes realizarmos a transformação interior de como pensamos e de quem somos capazes de ser, a liderança regenerativa cruza limiares obscuros e caminha no fio da navalha da consciência humana.

A transformação pessoal inspira a transformação coletiva. E tudo o que nós queremos é estar com pessoas que nos inspiram a ser a melhor versão de nós mesmos.

O mundo precisa de lideranças regenerativas e te convida a realizar o seu maior potencial: o de servir às necessidades da Terra e inspirar outras pessoas a fazer o mesmo. 

Você é importante demais para não ser você mesma.

Texto extraído do Livro:

O chamado para a liderança regenerativa. Felipe A.S. Tavares, Instituto de Desenvolvimento Regenerativo. Editora Bambual, 2019